Nos anos 80s, a primeira ministra do Reino Unido Margaret Thatcher utilizava o slogan TINA, um acrônimo para “There is no alternative” (Não há alternativa). A frase implicava que uma economia de mercado neoliberal (a qual era apoiada por ela) era o único tipo de sistema econômico possível de existir. Basicamente com isso, Thatcher encerrava qualquer tipo de discussão sobre sistemas políticos e econômicos.
Não vou entrar aqui no mérito se ela tinha ou não razão no campo político-econômico, mas gostaria de chamar a atenção para quantas vezes nós assumimos essa mesma premissa ou adotamos a mesma atitude em diversas áreas das nossas vidas…
Como isso aconteceu? É normal para o ser humano ser incapaz de imaginar sequer como seria uma vida e um mundo melhor?
- Quantas vezes agimos como se a forma que estamos acostumados a fazer algo fosse a única existente?
- Quantas vezes agimos como se a forma que as outras pessoas fazem algo fosse a única possível?
- Quantas vezes agimos de forma automática sem nem pensar?
- Quantas vezes agimos como se o estado habitual de se fazer as coisas fosse dado por alguma razão divina, ao invés de ter sido construída de forma sócio-histórica?
- Quantas vezes deixamos de enxergar o caráter construído, artificial e arbitrário das convenções e costumes e passamos a vê-los simplesmente como “dados”?
Ao entrar em contato com o momento presente, estando abertos e fazendo o que importa, mesmo que por um breve momento, podemos despertar e nos perguntar com imaginação e criatividade:
- Será que essa é realmente a única alternativa? Não existe absolutamente mais nenhuma opção?
- Esse é o meu melhor?
- Como seria uma alternativa melhor?
- Qual alternativa faria do mundo um lugar melhor?
- Que alternativa faria da minha vida algo mais pleno?
Sim. Existem alternativas. Sempre existem alternativas.
O trabalho psicoterapêutico existe justamente para isso: criar alternativas. Alternativas à formas de viver que estão sendo problemáticas, disfuncionais ou limitantes. Alternativas que criem uma vida mais plena e significativa.
Os resultados do status quo, do normal ou do “procedimento operacional padrão” você já conhece. Você já sabe como você opera no dia a dia e quais resultados consegue a partir disso. Agora, se formos pensar em como criar alternativas (dando um pouco de spoiler de um dos eixos do processo psicoterapêutico):
- Em que área(s) da sua vida você gostaria de fazer mudanças?
- Como você gostaria de ser nessa(s) área(s) da sua vida? Que qualidades gostaria de ter ou expressar através das suas ações? Que tipo de pessoa gostaria de ser nessa(s) área(s)? Como seria o seu melhor?
- De forma específica e mensurável, como você gostaria de agir? Quais ações concretas expressariam as qualidades que você gostaria de ter nessa(s) área(s) da vida? Se fôssemos fazer um documentário da sua melhor versão, o que e como veríamos ela fazendo?
- Quais são os obstáculos (externos e internos) que estão te impedindo de ser o seu melhor?