As pessoas têm o poder. Elas ganham esse poder quando crescem, depois de existir (a existência precede a essência). Com a maturidade e a autoconsciência, vem o despertar da autorresponsabilidade, da autoria, do empoderamento. As pessoas se tornam os autores e protagonistas da própria vida. Elas são responsáveis por si mesmas e pelo mundo em que vivem. A natureza deu às pessoas um meio de suas inúmeras necessidades e desejos serem atendidas: suas próprias ações. Por meio das suas ações, as pessoas criam a vida e o mundo. As pessoas têm o poder.
O poder, em si, não é ruim, nem corrompe. Muito pelo contrário, ele é uma dádiva, embora muito temida. Justamente porque o maior medo das pessoas é o poder, a maior coragem é exercer o poder para mudar as coisas que podem (e devem) ser mudadas. Essa é a vontade de potência: efetividade.
Às vezes as pessoas fingem (como num faz de conta) abrir mão do próprio poder e preferem acreditar que são incapazes, inadequadas, que não têm responsabilidade ou condições de lidar — elas cedem seu poder para outros: elegem um líder (o salvador da pátria) ou uma norma (a normalidade da mediocridade). Como se fossem crianças novamente. Esse poder — dado, doado, votado, cedido, tirado, roubado, representado pelo / para o outro — corrompe o possuidor e o doador. Esse poder, na forma de obediência à autoridade (o líder) e conformidade às normas (a maioria) desempodera as pessoas. De repente, elas não se veem mais como responsáveis, como livres, como autoras, como poderosas. Os outros ou as circunstâncias externas é que agora têm o poder.
Mas o poder é sempre das pessoas. As pessoas têm o poder. E elas podem recuperá-lo quando quiserem, e desfazer o que foi feito pelos tolos e psicopatas. Se organizarem e transformar o pesadelo da hierarquia opressora e desigual em um sonho consciente de autogestão.
Minha verdade pessoal: ninguém pode te empoderar a não ser você mesmo.